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Experimento de professora da UFU sobre infecção com protozoário será feito junto à universidade na Itália

Objetivo do projeto é avaliar a influência por Toxoplasma gondii no secretoma placentário
Túlio Daniel
07/10/2022 - 15:51 - atualizado em 07/10/2022 - 15:54
Fatores biológicos e ambientais podem influenciar no desenvolvimento embrionário (Foto: Banco de imagens/Freepik)

 

Entre os dias 10 e 29 de outubro, a professora Eloisa Amália Vieira Ferro, do Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas e diretora de Pós-Graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fará uma visita e realização de experimentos junto à Universidade de Siena, na Itália.

O grupo italiano é liderado pela professora Francesca letta e tem vasta experiência em estudos sobre placenta humana e a influência de diferentes fatores biológicos e ambientais que impactam o desenvolvimento placentário e embrionário. Ietta foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), como jovem talento, e permaneceu na UFU entre 2013 e 2015. “Temos vários trabalhos em colaboração, desde a minha estada naquele laboratório na realização do meu estágio de pós-doutorado, sob a supervisão da Luana Ricci Paulesu, nos anos de 2005 a 2006, até os dias atuais”, conta Ferro.

Eloisa Ferro, autora da pesquisa e diretora de Pós-Graduação da UFU (Foto: Marco Cavalcanti)

 

1 . O trabalho

 

Estudos recentes mostram que a placenta desempenha um papel ativo na fisiologia do Sistema Nervoso Central (SNC). Este órgão é capaz de modular o desenvolvimento neurológico fetal, e alterações estruturais/funcionais do cérebro materno, durante a gravidez, também são atribuíveis à placenta. Ela produz e libera uma ampla gama de moléculas tanto na circulação materna quanto na fetal e muitas delas podem chegar facilmente ao SNC.

Sabe-se que crianças infectadas congenitamente podem apresentar um quadro agudo, subclínico ou benigno ao nascimento, mas que na infância, puberdade ou idade adulta, esses indivíduos podem apresentar quadros de retinocoroidite resultantes de uma infecção não diagnosticada precocemente. Entretanto, recém-nascidos podem ser sintomáticos e apresentarem sinais clínicos graves como calcificações intracranianas, hidrocefalia, microcefalia, retinocoroidite, epilepsia, retardamento mental e cegueira.

O objetivo do projeto é avaliar a influência da infecção por Toxoplasma gondii no secretoma placentário e a possível interferência dele no desenvolvimento cerebral, influenciando astrócitos – células neurogliais que são fundamentais para a funcionalidade e sobrevivência dos neurônios –, e sendo capazes de promover inflamação e neurodegeneração. Devido à sua dupla função, os astrócitos são considerados células-chave na determinação do estado de saúde do cérebro.

 

A pesquisa é importante para o desenvolvimento de futuros remédios que ajudarão a melhorar a infecção pelo protozoário (Imagem: Banco de imagens/Freepik)

 

O projeto se concentrará em culturas in vitro de explantes de placenta humana, um modelo que, ao mesmo tempo em que preserva as atividades funcionais do tecido original, mimetiza suas funções in vivo, incluindo a produção e liberação de componentes secretores. Usando este modelo, o grupo avaliará se insultos placentários produzem alterações na fisiologia dos astrócitos ou se a função neurotóxica de astrócitos ativados em um fenótipo inflamatório, por meio da estimulação com antígenos de T. gondii, pode ser mitigada pela exposição ao secretoma placentário.

Ao explorar os processos fisiológicos da gravidez e usando a placenta como modelo de trabalho, a equipe dará um passo importante para o desenvolvimento de drogas úteis para controlar/melhorar lesões neurológicas agudas e crônicas no curso da infecção congênita por T. gondii.

“A missão certamente irá estreitar os laços de interação por meio de intercâmbio de estudantes, pesquisadores e publicação em conjunto. Tentarei estabelecer convênio para orientações em cotutela, bem como iniciar as tratativas para promover a dupla titulação para brasileiros e italianos no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas da UFU e o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Vida da Universidade de Siena”, finaliza Ferro.


* Via Comunica UFU


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Texto original: https://comunica.ufu.br/node/21617

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